Do hábito à cultura: onde estamos em Maio/2020
No último ensaio propusemos duas reflexões sobre a adição, a subtração ou a modificação de atos(condutas) que possivelmente poderão ser observadas no momento atual(agudo) da COVID-19 e nos momentos que se virão.
De maneira objetiva.
O que estamos assistindo de (+) (o que não fazíamos e passamos a fazer): adoção do uso de máscaras; a procura por nos distanciarmos das pessoas em locais públicos; uso intenso de álcool gel.
O que estamos assistindo de (-) (o que fazíamos e passamos a não fazer): retirar os sapatos ao entrar em nossas casas; atitudes menos coletivas, evitando aglomerações
O que estamos assistindo de (#) (o que continuamos a fazer, mas agora de maneira diferente): nos higienizarmos, mas de uma forma mais cuidadosa, com padrões sanitários (espirramos, mas agora com a contensão no lado interno do antebraço; lavagem mais completa das mãos, incluindo o inteiro das falanges, as unhas e os punhos).
É possível notar aqui que estamos diante de comportamentos (atitudes/atos) mais próximos de nossas individualidades, ou seja, passamos a adotar condutas em nosso cotidiano – eu para comigo mesmo – e assim tem sido mesmo.
Esta é a dimensão do que podemos conceber por hábitos (comportamentos próprios, de cada pessoa, o que leva em conta a sua individualidade).
Mas como seres sociais que somos – gregários como se dizia nas origens civilizatórias – nossos comportamentos não ficam restritos à nossas dimensões privativas.
Quando passamos a frequentar ambientes compartilhados – onde outras pessoas também estão presentes – a dimensão dos nossos hábitos se multiplica – e passam a conviver ao lado de outros indivíduos.
A isso podemos denominar de sociabilidade de nossos hábitos, pois passamos a integrar uma comunidade, algo que transpassa, vai além de nossas individualidades.
Quase que imperceptivelmente, aos poucos vamos deixando – enquanto atitudes/comportamentos – o campo dos hábitos e passamos a integrar o campo dos costumes.
Veja: saímos de casa, vamos à padaria, ao supermercado, passamos pela farmácia, abastecemos nosso veículo em um posto de combustíveis.
Observamos que nesses ambientes coletivos as pessoas estão utilizando máscaras protetoras em seus rostos e os estabelecimentos disponibilizam álcool em gel para que os frequentadores possam se higienizar.
É possível que a partir deste outro cenário – o campo da sociabilidade de nossos hábitos – outro fenômeno do comportamento e de um cenário de mudanças possas surgir.
Ora estamos falando que um salto do individual para o comunitário e isso, por si só, permite refletir que podemos – e devemos – enxergar a realidade sob outra concepção.
Fica aqui ao leitor as reflexões para o assunto da nossa próxima comunicação: a transposição do hábito individual para algo que podemos denominar – apenas para efeito de raciocínio – para o hábito comunitário/coletivo, nos permite ingressar em que campo, levando em conta o tema central desse nosso seriado de comunicação (veja que estamos em nossa terceira edição).
Sugiro investigar as duas primeiras.
Por ora vou ficando por aqui.