Rito de passagem (3): das tradições para os conceitos – terceira dimensão
Vimos até aqui que os “hábitos” (atitudes individuais), à medida que vão se repetindo e passam a ser praticados por outras pessoas (comunidades) fazem surgir os “costumes” (rito de passagem (1) primeira dimensão); quando estes(costumes), com uma contínua prática de suas expressões comunitárias (coletividades), acabam alcançando graus expressivos de maturidade, nos colocam diante do surgimento das “tradições” (rito de passagem (2) segunda dimensão).
No último articulado deixamos o desafio sobre o que poderíamos construir em termos de rito de passagem (3): terceira dimensão.
Estamos acostumados a compreender as coisas pelo que elas se denominam, seja qual for o significado. Aleatoriamente: vida, saúde, sorte, dinheiro, amor, desafio, construção….
É neste contexto que podemos conceber o surgimento do “rito de passagem (3)”, onde o grau de maturidade dos comportamentos coletivos – na escala de tempo e espaço – trazem a necessidade de serem nomeados.
Neste estágio as observações dos comportamentos coletivos, as pesquisas que daí possam surgir e os estudos delas decorrentes, saltam ao grau em que um componente nuclear da dinâmica social passe a fazer parte da cena: a comunidade acadêmica.
São nos ambientes das Universidades que se desenvolve o tripé do sistema educacional – ensino, pesquisa e extensão – e por via de consequência vão sendo elaborados os nomes às tradições observadas, ao que podemos denominar “conceitos”; este o nosso rito de passagem (3).
Podemos dizer então que os “conceitos” representam algo como que um “batismo” das “tradições”, uma vez que elas passam a ser consolidadas e reconhecidas como uma realidade que possui um “nome”.
Situações com este perfil são facilmente encontradas em movimentos populares coletivos, onde manifestações de determinadas regiões são encontradas, dentre outras e com certa frequência, nos campos das representações artísticas, como danças, músicas, teatro, cinema, concertos, shows, dentre tantas outras.
Vejamos alguns exemplos: frevo (dança do carnaval pernambucano); chimarrão (bebida dos pampas); sinfonia (estilo musical de Beethoven); jazz (estilo musical originário dos EUA)….
Passando para o cenário adotado do COVID-19, muitos “conceitos” estão ao nosso redor e, por conta das perspectivas de mudanças, provavelmente sofrerão uma readaptação de seus significados, ao que se denomina neologismo.
Alguns desses conceitos não faziam parte de nosso cotidiano, ao menos com a intensidade como vivenciado até agora (primeiro semestre de 2020), como pandemia, virologia, segurança sanitária, distanciamento social.
Outros tantos estão sujeitos a uma considerável ressignificação, como saúde pública, bem estar, nova ordem econômica, modelos de comportamentos, dentre outros.
Aqui, reafirmando, a importância de estudos e pesquisas para esclarecer esses cenários de mudanças, papel em que se destaca a atuação dos ambientes acadêmicos, onde as informações são tratadas de formas mais detidas, com profundidades científicas.
Podemos dizer então que os “conceitos” são os nomes atribuídos às tradições, que passam, a partir daí, a serem dotadas de suas próprias identidades, passando – por assim dizer – a ocupar os seus respectivos “lugares”, recebendo um grau de reconhecimento pela dinâmica do tecido social.
Seguindo nossa caminhadas, fica a reflexão: seria possível acrescentarmos um rito de passagem(4)?
A considerar os contextos dos nossos outros conteúdos “Como se dão os Processos de Mudanças”, publicados anteriormente, sugerimos ao leitor visitá-los, para que possamos partir para nossos próximos – agora em fase de finalização – episódios.
Hoje ficamos por aqui.