Dicas para um serendipível
“Enquanto a excelência de processos exige precisão, consistência, e repetição, a inovação exige variação, fracasso e serendipidade”
Falamos em nossa última comunicação – em linhas gerais – sobre a origem da palavra “serendipidade”, suas características, como ela se apresenta e em que campos de atuação é possível observá-la.
Vamos nos dedicar agora de como podemos nos tornar “serendiposos”, como cultivarmos, como criarmos condições favoráveis, como ambientar e relacionar com as pessoas e situações que gravitam em nosso entorno.
Se é possível conceber que o serendipível é um “acaso que se soma a uma busca”, o primeiro passo é se dispor a tomar atitudes, ou seja ser “proativo”. Desenvolver habilidades como estar atento, ser curioso, otimista, valorizar a postura do “outro”. Enxergar combinações onde normalmente as pessoas não veem.
Disposição para sempre estar adquirindo novos conhecimentos; isto só é possível se estivermos estudando sempre, e com muito afinco. Achar que as grandes descobertas da Ciência foram meras “sortes” é um equívoco. Todas as mentes consideradas brilhantes sempre se dedicaram muito aos seus propósitos, dedicando-se de forma exaustiva em suas experiências. Um bom exemplo e Louis Pasteur (1822-0896), inventor da vacina contra a raiva e do método de conservar alimentos (pasteurização).
Estar aberto à diversidade. Seja qual o campo de atuação que se considere. Conhecer pessoas diferentes, se dispor a estar em contato com novas realidades – fontes de outras áreas de atuação –, falar com desconhecidos, mudar sempre seus trajetos. Isto tudo favorece conhecer e por em prática nossa “empatia”. A “Paideia” na educação grega tinha como filosofia que um soldado para se tornar general precisava conhecer sobre poesia.
Trabalho duro e contínuo, sem dispensar momentos para a reflexão (observar, contemplar, meditar). O curioso caso do matemático Arquimedes é bem sugestivo; ele só conseguiu atender ao pedido do Rei – calcular o volume de ouro de sua coroa – quando notou o seu corpo mergulhado em sua banheira e o volume de água que transbordava – realizou a mesma experiência com a coroa do Rei, pronto, estava ali a resposta ao enigma. Mas vejamos: esteve sempre contemplando, observando e estando atento ao mesmo tempo.
Compartilhe aquilo que já sabe e conhece. Proporcione que iniciativas e habilidades de outras pessoas possam se somar aos seus conhecimentos. Crie condições favoráveis para as “conexões”, ou seja, pontos que aparentemente não se ligavam, passem a tecer um novo cenário, criando novos pontos, gerando outras teias. Aqui a diferença entre serendipidade e o acaso.
Cultive o ócio. Não precisamos estar o tempo todo realizando coisas que possam parecer produtivas. Reservar momentos para contemplar o “fazer nada” pode ser uma ferramenta fabulosa para que resultados posteriores possam vir a acontecer. Não se trata de trabalhar muito ou trabalhar pouco, basta trabalhar o suficiente, com amor, dedicação, compromisso, seriedade e, entre um intervalo e outro, fazer do ócio algo além do produtivo, ou seja, alcançar a produtividade.
Uma fórmula é capaz de sintetizar o alcance do serendipível: acaso + busca = serendipidade. Apenas esperar que as coisas aconteçam – um golpe de sorte – dificilmente nos remeterá a situações serendipíveis.
Há uma sutil diferença entre ganhar e conquistar: jogar na loteria e ser contemplado; adquirir uma cartela de bingo e alcançar a prenda significa “ganhar” algo, cujo esforço é quase zero. Agora estabelecer e treinar com afinco uma tática de jogo; elaborar e desenvolver metodicamente um projeto, buscando com esforço o alcance de seus objetivos e a concretização de seus propósitos se assemelha à “conquista”.
Enfim: “ganhar” representa um “golpe de sorte “; “conquistar” traduz de forma mais nítida o que caracteriza a “serendipidade”.
Vamos ficando por aqui.