O efeito “Eureka” – da descoberta ao possível alcance
“O acaso favorece a mente preparada” – Louis Pasteur (1822-1896)
O acaso, as surpresas, o inesperado, sempre nos testam – o andar pela calçada e ser atingido por um vaso que cai de uma sacada – e isso exige de nós saber lidar com a situação e manter o que podemos chamar de “sincronismo”.
É bem curiosa a origem da palavra “serendipidade” sob o ponto de vista histórico. O primeiro registro que se tem notícia data de 28 de janeiro de 1754, pelo escritor Horace Walpole, em uma carta endereçada a um amigo.
Pelo menos três versões relatam o conto de fadas Persa. Eram três príncipes da ilha de Serendip, atual Sri Lanka. Na narrativa, com finalidade de aprimorar a educação dos filhos, o rei enviou os três príncipes para uma viagem para que conhecessem as coisas da vida fora dos limites do castelo. No retorno contaram ao rei sobre uma série de experiências casuais, que, uma vez combinadas, foram capazes de solucionar diversos enigmas.
Para mais detalhes sobre as origens serendipíveis: https://www.recantodasletras.com.br/ensaios/2461955.
Levando em conta nossa noção sobre o acaso, é possível refletir: ele sempre é aleatório? Muitas vezes a procura por algo durante muito tempo proporciona em se deparar com o inesperado, fazendo surgir daí uma novidade, ou seja, algo serendipível.
O significado de serendipidade – considerada no início deste milênio uma das 10 palavras mais difíceis de tradução – podemos encontrar em “a faculdade de fazer descobertas inesperadas por acidente” ou “o encontro de coisas, úteis, valiosas ou agradáveis que não estavam sendo procuradas”.
Seria algo como um “feliz acidente”, “descoberta surpreendente, não planejada”, “encontro da sorte”. Alguns exemplos a História nos reserva, em situações que descobertas surgiram quando o pesquisador não estava se dedicando aos experimentos; algumas delas: penicilina, aspirina, insulina, viagra, teflon, post-it, raio-X, micro-ondas.
Mas ser “serendipível” seria sempre estar ao lado de um “golpe de sorte” ?
Quem de nós já não passou por situações extremamente felizes e transformadoras, que nada mais são do que frutos de acasos sincronizados, ou seja, que jamais esperávamos que fosse acontecer.
Você não esperava porque a situação nunca havia passado por sua mente; você muitas vezes jamais imaginava que seria possível; e quando menos se dá conta, era exatamente o objeto de desejo.
Nunca ter se deparado com uma pessoa que pensa exatamente igual a você; estar em um determinado local que proporciona recordar sua infância, de pessoas e episódios que estavam guardados no seu íntimo; receber um elogio a respeito de uma habilidade que você julgava não possuir e, portanto, não valorizava.
Podemos considerar vários campos onde a serendipidade pode ser observada e aplicada, desde o campo pessoal, passando pelas nossas relações familiares, sociais e profissionais.
Para o meu “eu” seria a busca da felicidade. Estar disposto a novas experiências, buscar conhecimentos diversos do que está acostumado; ações que contribuem para o desenvolvimento de novas habilidades.
Nas inter-relações temos o computador e a internet, que recolhem nossas informações pessoais, mas também nossos entornos, gostos e até pensamentos e selecionam aquilo que mais nos interessa: “é a serendipidade trabalhando para você”.
Já no campo empresarial é uma ferramenta fabulosa para enfrentar uma crise ou a busca de ganhos extraordinários. Vejam, os EUA verdadeiramente invejam a capacidade de inovação das empresas japonesas. Enquanto grande parte das empresas ocidentais persegue a sistematização das informações, os japoneses se dedicam a explorar o terreno subjetivo do insight.
O filósofo inglês John Stuart Mill (1806-1873) afirmava que “o mais alto e harmonioso grau de desenvolvimento que um homem pode atingir vem da fórmula Individualidade + Diversidade = Originalidade.
Na nossa próxima comunicação vamos apresentar algumas dicas comportamentais que possibilitam a busca por um “comportamento serendipível”.
Por ora vamos ficando por aqui.